Único dinossauro do Centro-Oeste era maior que prédio de 3 andares e vivia em MT
Uma pesquisa realizada pelo Museu de Ciências da Terra, em parceria com o Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), revelou que a única espécie de dinossauro que existiu no Centro-Oeste era de Chapada dos Guimarães, a 65 km de Cuiabá. O Pycnonemosaurus Nevesi, como é chamado, é um dos maiores dinossauros que já existiram no Planeta Terra e viveu durante o período Cretáceo, há cerca de 70 milhões de anos.
Segundo a pesquisa, as principais características da espécie eram:
- Altura: Com cerca de nove metros de comprimento, ele era maior que um prédio de três andares, já que foi medido da ponta da cauda até o focinho;
- Peso: Quase duas toneladas;
- Predador: Possuía crânio robusto, mandíbula forte e dentes afiados e adaptados para cortar carne
- Alimentação: Era canibal, comia outros dinossauros.
Segundo o Atlas Virtual da Pré-História, como o animal era canibal, provavelmente, se alimentava de dinossauros muito maiores que ele, como o Maxakalisaurus topai, que media, mais ou menos, 12 metros e habitava em outras regiões do país, que hoje correspondem aos estados do Paraná, Minas Gerais e São Paulo.
“Seus restos fósseis eram compostos apenas por fragmentos, incluindo cinco dentes isolados, partes de sete vértebras caudais, a parte distal de um púbis direito, uma tíbia direita e a articulação distal da fíbula direita. A grande dimensão das vértebras sugere que este é um dos maiores dinossauros que viveu”, diz trecho da pesquisa.
De acordo com o diretor do Museu Nacional do Rio de Janeiro, Alexander Kellner, originalmente, os fósseis foram descobertos por lavradores de uma antiga fazenda do estado que, ao verem que os ossos não eram de gado, entraram em contato com o Departamento Nacional da Produção Mineral (DNPM) na época.
“Um paleontólogo chamado Llewellyn Ivor Price, já falecido, e um dos principais paleontólogos em pesquisas sobre répteis e fósseis, coletou esse material e o deixou no DNPM. Eu, na época, era recém-doutorado e muito curioso. Com a ajuda do meu colega que liderava o setor de paleontologia do DNPM, que estava em transição para o Museu de Ciências da Terra na Urca, conseguimos descrever esse material”, disse.
Ainda segundo o diretor, a descoberta dos fósseis foi de extrema importância para o entendimento da distribuição geográfica dos dinossauros no mundo.
“A descoberta mostrou que, durante o Cretáceo, havia uma fauna de dinossauros carnívoros comum entre Brasil e Argentina. Isso reforça a teoria da deriva continental, que sugere que os continentes estavam unidos em algum momento”, completou.
Importância para a geologia
O professor de geologia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Caiubi Kuhn, explicou que há quatro tipos de fósseis invertebrados marinhos do período Devoniano (359 a 416 milhões de anos) existentes em Chapada, sendo:
- Braquiópodes: Animais marinhos invertebrados que possuem uma concha dupla;
- 🦐Trilobitas: Artrópodes extintos que viveram nos oceanos durante a Era Paleozoica;
- 🦴Tentaculites: Grupo de fósseis com organismos que possuíam conchas cônicas ou tubulares;
- 🦪Bivalves: Grupo de moluscos com organismos conhecidos como ostras, mexilhões, vieiras e amêijoas.
Ao site, ele disse que esses fósseis são extremamente importantes para a geologia não só em um contexto nacional, como também mundial, já que são esses fragmentos fossilizados que explicam e comprovam o quanto a vida na Terra evoluiu.
“Fósseis de trilobitas indicam que estamos na era Paleozóica, por exemplo, pois eles viveram nessa era. Já fósseis de dinossauros indicam a era Mesozóica. Esses fósseis ajudam a contar a evolução da vida e a determinar a idade das rochas. O Pycnonemosaurus nevesi é o único material encontrado que representou uma nova espécie no Centro-Oeste brasileiro”, contou.
Como os fósseis originais foram coletados pela equipe do Museu de Ciências da Terra, as relíquias geológicas foram encaminhadas até o Rio de Janeiro. No entanto, em Mato Grosso, uma réplica do esqueleto , que possui 2,20 metros de altura e 7 metros de comprimento, foi colocada no Museu de História Natural do estado (MHNMT), localizado em Cuiabá.
A réplica, conforme a assessoria de imprensa do museu, faz parte da exposição permanente do MHNMT, que funciona de quarta-feira a domingo, das 8h às 18h. O valor da entrada inteira é R$ 12, enquanto a meia é R$ 6, tendo gratuidade aos domingos e feriados. Para realizar a visitação no local em grupos acima de 10 pessoas é necessário entrar em contato com o museu e fazer um agendamento.